IMPERMANÊNCIA - VESTÍGIOS DE PIGMENTO EM PLÁSTICO
No momento em que comecei a me identificar como um corpo trans, desenvolvi alguns métodos que ajudaram a processar o que estava sentindo. Um deles foi mexer em arquivos de fotografias antigas. Encontrei uma carteirinha de foto 3x4, nessa foto eu ainda não me identificava como uma mulher lésbica, muito menos como uma pessoa transgênero, até então tudo era confuso e novo para mim. O ato de remover a fotografia de dentro do plástico foi simbólico, nesse momento percebi que essa imagem onde não me reconheço mais, sempre vai estar presente de alguma forma. Quando tudo se transforma e nós mesmos somos protagonistas da transitoriedade da existência, nossa identidade não se apaga. E apesar da aparente estabilidade que nos rodeia, nada permanece igual.